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Resumo: Avaliação e classificação de queimaduras em animais selvagens

17/10/2020 18:45

Na sexta-feira, dia 16 de outubro de 2020, durante o encontro do GEHisPa, as graduandas Acauane Sehnem Lima e Stephanie Alves de Freitas apresentaram ao grupo a palestra intitulada “Avaliação e Classificação de Queimaduras em Animais Selvagens”. Segue abaixo um resumo do tema abordado.

Devido ao atuais eventos em todo o país, tratar de queimadura se tornou algo de extrema importância. As queimaduras em animais silvestres recebem a mesma classificação que em domésticos. Todavia é importante lembrar que devido a grande diversidade de animais e tamanhos, e diversas composições de pele, muitas vezes essas classificações são subjetivas e pouco usadas.

Mel ou própolis: O mel também proporciona um ambiente úmido na ferida e gera condições favoráveis para a sua cicatrização. As propriedades antimicrobianas do mel são atribuídas a alguns dos seus componentes como o peróxido de hidrogênio, bem como aos elevados níveis de açúcar que geram alta osmolaridade com o consequente efeito higroscópico e baixo pH. Os benefícios do mel na cicatrização de feridas incluem o estímulo ao crescimento tecidual, o aumento da epitelização e a minimização da formação de cicatriz que pode estar associada ao fato do mel diminuir os níveis de prostaglandina e aumentar os produtos finais oriundos do óxido nítrico

Pomadas cicatrizantes: é o tratamento mais utilizado e mais acessível, os medicamentos disponíveis são basicamente antibióticos, anti-inflamatórios, cicatrizantes disponíveis. Geralmente associados a outros princípios ativos. O mais comum é a sulfadiazina de prata a 1%.

Células-tronco: a células-tronco exógenas melhoram o processo cicatricial, por sua ação reconstrutora de tecidos ou pela secreção de substâncias, que dependem da fonte de células e de sua administração. A meta de aplicação das células-tronco em queimaduras visa melhorias na qualidade da cicatrização, com fechamento precoce da lesão pela aceleração do processo cicatricial e prevenção das contraturas e formações cicatriciais, preferencialmente com regeneração da pele com seus apêndices; além disso, a atenuação da resposta inflamatória sistêmica nas queimaduras extensas pode auxiliar na redução das infecções. Alguns desafios permanecem a ser definidos como: a melhor fonte tecidual doadora, método de processamento, modo da aplicação clínica e sua funcionalidade

Pele de tilápia: a caracterização da pele de tilápia do Nilo, a partir de suas propriedades histomorfológicas, tipificaçao do colágeno e características físicas (resistência à tração)  mostrou que as características microscópicas da pele são semelhantes à estrutura morfológica da pele humana, apresentando derme composta por feixes de colágeno compactados, longos e organizados, em disposição paralela/horizontal e transversal/vertical, predominantemente, do tipo I. A pele também demonstrou elevada resistência e extensão à tração em quebra. O colágeno tipo I da pele da tilápia estimula Fatores de Crescimento de Fibroblastos (FGF), os quais expressam e liberam Fator de Crescimento de Queratinócitos (KGF), duas citocinas importantes e imprescindíveis para o fechamento das feridas.

Lembrando que os tratamentos acima são realizados após a estabilização dos animais que muitas vezes chegaram desidratados, desequilíbrio eletrolítico, com dor, perda ou aumento da temperatura, alterações cardíacas e edema, por isso deve-se proceder com sua estabilização para então fazer o curativo. O prognóstico é sempre reservado, pois além da queimadura, sua extensão e profundidade, deve-se considerar que o animal pode ter inalado monóxido de carbono o que leva a mortes por intoxicação.

 

 

Resumo: Dirofilaria immitis – uma abordagem multidisciplinar

15/10/2020 12:04

Na sexta-feira, dia 09 de outubro, durante o encontro do GEHisPa, a médica veterinária Ana Paula Remor Sebolt apresentou ao grupo palestra intitulada “Dirofilaria immitis: uma abordagem multidisciplinar’’. Segue abaixo um resumo do tema abordado.

A Dirofilaria immitis é um nematódeo causador da dirofilariose, popularmente conhecida como ‘’doença do verme do coração’’. Sua transmissão é dependente de vetores, uma vez que neles ocorre o desenvolvimento das larvas do parasita. Devido às características do ambiente, propícias ao desenvolvimento dos mosquitos vetores e das larvas do nematódeo, o parasita está mais presente em áreas litorâneas. Contudo, nos últimos anos foi observado um crescimento no número de casos em áreas mais distantes do litoral, devido principalmente ao aumento da temperatura, modificações ambientais, como expansão imobiliária, e migração de animais de áreas endêmicas a áreas com presença de vetores competentes.

Com relação aos sinais clínicos, os animais geralmente são assintomáticos, com a gravidade da doença estando relacionada a carga parasitária. Quando há sinais clínicos, esses frequentemente se caracterizam por tosse, intolerância ao exercício e síncope.

A infecção também pode ocorrer em seres humanos, sendo que estes são infectados da mesma forma que os cães. No entanto, em humanos o parasita não atinge a fase adulta, causando uma reação inflamatória no pulmão que gera um ou mais nódulos, sendo mais comum o nódulo isolado.

A prevenção da doença ocorre principalmente ao evitar o contato dos mosquitos com animais não-humanos e humanos, por meio de repelentes e telas nas janelas, além de evitar a saída dos cães para ambientes externos em época de grande atividade dos vetores. Já o tratamento é feito com uso de lactonas macrocíclicas ou por meio de cirurgia para retirada dos parasitas. Além disso, também pode ser utilizado doxiciclina para combater a (bactéria essencial para a sobrevivência da Dirofilaria), fragilizando assim as formas do nematódeo.

 

 

Resumo: Intoxicação por samambaia em bovinos

10/10/2020 21:20

Distribuída do sul da Bahia ao Rio Grande do Sul, Pteridium aquilinum var. arachnoideum, popularmente conhecida como ”Samambaia”, é uma planta com capacidade de causar intoxicação em diversas espécies domésticas. Em monogástricos, tende a causar quadros neurológicos. Ruminantes por sua vez tendem a apresentar quadros radiomiméticos, que variam de acordo com a quantidade e período de consumo da planta. Nestes a forma aguda se apresente como diátese hemorrágica, enquanto que as formas crônicas são hematúria enzoótica e a formação de carcinomas de células escamosas no trato digestório.

Seu diagnóstico é feito por meio das informações coletadas do histórico do animal e da região onde ele está inserido, sinais clínicos observados, presença da planta no local frequentado pelos animais e lesões encontradas no exame necroscópico. Não há tratamento para casos de intoxicação por samambaia, apenas medidas para evitar o aparecimento de novos casos. Dentre estas medidas, estão: retirar animais de áreas infestadas; realizar aração e calagem do solo; evitar prática de queima da pastagem; manter animais bem alimentados; praticar manejo rotacionado.

No período de 2013 a 2020 o Laboratório de Patologia Veterinária da UFSC realizou 20 necropsias de animais intoxicados por plantas, dos quais 5 casos eram de intoxicação por samambaia. Além disso, foram recebidas amostras para histopatológico de 8 casos de CCE em bovinos, dos quais 3 foram causados por samambaia. De todos os casos de intoxicação por P. aquilinum, 6 casos eram de fêmeas, 1 de macho e 1 histopatológico no qual não foi informado o sexo do animal. Todos estes animais possuiam mais de 5 anos de idade e apresentavam formação de carcinomas de células escamosas no trato digestório. Com relação a localização exata dos tumores, 2 animais apresentaram CCE na base da língua, 1 na língua, 5 no esôfago, 1 no rúmen e 1 no cárdia, sendo que em 5 casos o carcinoma se apresentou bem diferenciado, em 1 caso moderamente diferenciado e em 2 casos indiferenciado. No que se refere a região de ocorrência, 4 casos ocorreram em Curitibanos, 2 em Ponte Alta do Norte, 1 em Francisco Beltrão e 1 em São Cristóvão do Sul. Já com relação a estação, 2 casos foram relatados na primavera, 2 no outono, 1 no inverno, 1 no verão e em 1 caso de histopatológico não foi informado ao laboratório a data da necropsia.

Principais intoxicações por plantas recebidas no LABOPAVE desde 2013

30/08/2020 12:55

As intoxicações por plantas tóxicas ainda são um problema presente no meio veterinário, principalmente na criação de grandes animais. Essa postagem vem trazer algumas características das plantas que já causaram mortes em animais recebidos no LABOPAVE.

FONTE: TOKARNIA, Carlos Hubinger et alPlantas tóxicas do Brasil para animais de produção. 2. ed. Rio de Janeiro: Helianthus, 2012. 568 p.

Todas as imagens de necropsia foram retiradas do acervo do LABOPAVE.

Todas as partes são tóxicas, tanto verdes quanto dessecadas, sendo que foi observado que teores de alcaloides mais altos são encontrados antes da floração da planta. É encontrada em toda a região Sul do Brasil e em algumas áreas altas e frias da região Sudeste. Os valores das doses tóxicas são baseados na planta verde fresca.

 

Na foto fígado de um bovino, fêmea, Angus com 8 anos, padrão lobular evidente, consistência aumentada, palidez por todo parênquima e área focalmente extensa de fibrose que se estende ao parênquima.

 

Todas as partes da samambaia são tóxicas, sendo que o rizoma é mais tóxico. Dose tóxica para a: Forma aguda – bovinos 10 a 30g/kg. Hematúria enzoótica – bovinos menos de 10 g/kg/dia.  CCE (carcinoma de células escamosas)– bovinos maiores de 5 anos com ingestão crônica de doses relativamente pequenas. Evolução é de meses a anos.

 

Na foto esôfago de um bovino, fêmea, Red Angus, 5 anos, apresentando espessamento da parede na região mais cranial. Ao corte, presença de massa com 2 cm de espessura. Na microscopia foi confirmado CCE bem diferenciado.

 

Não se tem conhecimento da dose tóxica, mas sabe-se que é depende da quantidade de saponinas e esse fator varia conforme o clima.

 

Nas imagens podemos observar o fígado com lesão arredondadas bem delimitadas multifocais com coloração vermelho escuro, mediando em torno de 5 cm. E no tegumento áreas apresentando lesões ulcerativas, necróticas e verrugosas de formato e tamanho irregular, variando de 2cm a 12cm, disseminada com aspecto de couve-flor, localizadas no dorso, membros e glândula mamária. Bovino, fêmea , Red Angus, 2 anos.

 

O tremoço (Lupinus sp.) é usado quase que exclusivamente como adubo verde, pois se adapta em regiões de clima mais frio como Santa Catarina e Paraná.

 

Nas fotos observamos um bovino, fêmea holandesa com 2 dias, com fenda palatina e lábio leborino, artrogripose acentuada e escoliose cervical, lombar e sacral.

Retículo pericardite traumática

15/01/2020 13:51

Os bovinos são pouco seletivos, portanto estão mais suscetíveis a deglutir corpos estranhos, as vacas leiteiras adultas são mais acometidas devido a mais frequente exposição a esses objetos, também pode-se levar em consideração a idade desses animais que comparado a gado de corte permanecem por mais tempo na propriedade. Os corpos estranhos deglutidos alojam-se normalmente no reticulo, isso ocorre devido a presença das pregas de seu revestimento mucoso. Esses corpos estranhos podem perfurar o reticulo e o diafragma chegando na cavidade torácica e podendo perfurar o saco pericárdio, assim causando a reticulo pericardite traumática.

English: Cattle are poorly selective, so they are more susceptible to swallowing foreign bodies, adult dairy cows are more affected due to more frequent exposure to these objects, it can also be taken into account the age of these animals compared to beef cattle which stand more time on property. Swallowed foreign bodies normally lodge in the reticulum, this is due to the presence of the folds of its mucous lining. These foreign bodies may pierce the reticulum and the diaphragm reaching the thoracic cavity and may perforate the pericardial sac, causing traumatic pericarditis reticulum.

Imagem 1: bovino, cavidade torácica, distensão do saco pericárdio, que está preenchido por liquido e inflamação.

 

Imagem 2: bovino, saco pericárdio, material fibrinoso que preenche o saco pericárdico e recobre o coração.

 

Imagem 3: bovino, coração, no ventrículo, se observa um objeto pontiagudo que atravessa a parede do mesmo.

 

Imagem 4: bovino, coração, presença de área de necrose do miocárdio, na área de inserção do objeto pontiagudo (arame).

 

Imagem 5: bovino, reticulo, fragmento com a presença do objeto pontiagudo (arame).

 

Imagem 6: bovino, pulmão presença de abscesso na porção cranial do lobo caudal direito, ao porte mostrando material purulento.

 

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Vídeo 1: bovino, abertura do saco pericárdico, onde há grande quantidade de liquido e material fibrinoso.

Vídeo 2: bovino coração, retirada do objeto pontiagudo que estava inserido no miocárdio.

Leucose enzoótica bovina

23/08/2019 16:53

A leucose enzootica bovina é uma neoplasia de linfócitos causada por um retrovírus, que
ocorre em bovinos com mais de dois anos de idade e é caracterizada pelo surgimento de
tumores em diversos órgãos, sendo mais prevalente em rebanhos leiteiros. É transmitida por
transferência de linfócitos infectados, portanto sua transmissão ocorre principalmente
durante manejos como a descorna, vacinações e colocação de brincos. A maior parte dos
animais infectados permanece como portadores assintomáticos. Na necropsia, é observado
aumento dos linfonodos superficiais e internos, que ao corte, se apresentam sem distinção de
regiões cortical e medular. Na histologia, observa-se a proliferação de linfócitos e infiltração
maciça destes nos órgãos afetados, sendo mais frequentes coração e abomaso. Geralmente
os achados da necropsia são suficientes para o diagnóstico.

Fonte: RIET-CORREA, Franklin et al. Doenças de Ruminantes e Equinos. 2. ed. São Paulo:
Varela, 2001. 426 p.
Enzootic bovine leukosis is a lymphocyte neoplasm caused by retrovirus, which occurs in
cattle older than two years and is characterized by the appearance of tumors in several
organs, being more prevalent in dairy herds. It is transmitted by transfer of infected
lymphocytes, so its transmission occurs mainly during management such as dehorning,
vaccinations and earrings. Most infected animals remain asymptomatic carriers. At necropsy,
enlargement of superficial and internal lymph nodes is observed, which at cut, are presented
without distinction of cortical and medullary regions. Histologically, lymphocyte proliferation
and massive infiltration into the affected organs are observed, most commonly heart and
abomasum. Necropsy findings are usually sufficient for diagnosis.

 

Áreas de equimose e petéquias no epicárdio, coração com 8kg, bovino, fêmea, Holandesa, 5 anos.

 

Áreas com material gelatinoso (atrofia serosa da gordura) no epicárdio, coração, bovino, fêmea, Holandesa, 5 anos.

 

Múltiplas áreas esbranquiçadas, firmes, por vezes coalescendo, superfície de corte, coração, bovino, fêmea, Holandesa, 5 anos.

 

Áreas enrugadas e brancacentas no endocárdio (lesões de jato), coração, bovino, fêmea, Holandesa, 5 anos.

 

Parte superior, rim apresentando áreas brancacentas na região cortico-medular, bovino, fêmea, Holandesa, 5 anos. Parte inferior, fígado sem alterações, bovino, fêmea, Holandesa, 5 anos.

 

Coração, infiltrado de linfócitos difuso acentuada, bovino, fêmea, Holandesa, 5 anos.

 

Coração, infiltrado de linfócitos difuso acentuado, bovino, fêmea, Holandesa, 5 anos.

Leiomioma gástrico em canino

29/07/2019 23:02

O leiomioma é um tumor benigno de células de músculo liso que ocorre comumente no estômago de cães idosos, com predileção para os machos, sendo raramente observado em outras espécies de animais domésticos São mais comuns em região gastroesofágica, na região antro pilórica e o piloro, e suas metástases apresentam lenta evolução. A sintomatologia é associada ao distúrbio funcional do fluxo gástrico e obstrução mecânica parcial ou total. Sintomas como êmese, letargia, perda de peso, diarréia, melena e hematoquezia podem ocorrer com duração variável. No diagnóstico de neoplasias gastrointestinais, as radiografias abdominais são úteis, mas o exame mais indicado para neoplasias gástricas é o ultrassom abdominal. O tratamento se dá por ressecção cirúrgica e o prognóstico é bom quando não ocorrem complicações pós-operatórias mesmo para tumores malignos, se a excisão for completa, isto é, ausência de células tumorais nas margens do tecido resseccionado (CARVALHO et al, 2016). Microscopicamente esta neoplasia é caracterizada por proliferação de células de músculo liso, apresentando núcleos pavimentosos eucromáticos, citoplasma amplo e anfofílico, moderadamente abundante de bordos indistintos, as células apresentam formato homogêneo. Na coloração especial de Tricrômico de Masson e Picrosirius não é evidenciado colágeno como componente primário da neoplasia. Pode haver infiltrado na mucosa.

ENGLISH
Leiomyoma is a benign smooth muscle cell tumor that commonly occurs in the stomach of elderly dogs with a male predisposition and is rarely observed in other species of domestic animals. They are more common in the gastroesophageal region, the pyloric antrum region and the pylorus, and its metastasis presents slow evolution. Symptomatology is associated with functional disturbance of gastric flow and partial or total mechanical obstruction. Symptoms such as emesis, lethargy, weight loss, diarrhea, melena and hematochezia may occur with variable duration. For the diagnosis of gastrointestinal neoplasms, abdominal radiographs are useful, but the most appropriate test for gastric neoplasms is abdominal ultrasound. The treatment is by surgical resection with a good prognosis when postoperative complications do not occur, even for malignant tumors if excision is complete, that is, absence of tumor cells in the margins of the resected tissue (Carvalho et al., 2016). Microscopically, this neoplasm is characterized by proliferation of smooth muscle cells, presenting eucromatic pavement nuclei, a broad, moderately abundant and amphiphilic cytoplasm, with indistinct borders, and the cells are homogeneous. In the special staining of Masson and Picrosirius trichrome, no collagen is evidenced as the primary component of the neoplasia. There may be infiltration of the neoplasm in the adjacent mucosa.

Canino, estômago, macho, poodle, 8 anos e 1 mês.

Imagem 1: peça cirúrgica com 6X6,5X2,5 cm apresentando nódulo com 3X2X3 cm, brancacento, irregular e firme.

Imagem 2: peça cirúrgica com 6X6,5X2,5 cm apresentando nódulo com 3X2X3 cm, brancacento, irregular e firme.

Imagem 3: Fragmento com proliferação de células de músculo liso da muscular externa em direção à mucosa. Leiomioma, aumento de 100x em H&E.

Imagem 4: Proliferação formada por células de músculo liso, apresentando núcleos pavimentosos eucromáticos, citoplasma amplo e anfofílico, moderadamente abundante de bordos indistintos, as células apresentam formato homogêneo. Leiomioma, aumento de 400x em H&E.

Imagem 5: Na coloração especial de Tricrômico de Masson não foi evidenciado colágeno como componente primário da neoplasia. Leiomioma, aumento de 400x em Tricrômico de Masson.

 

Tags: labopavemedicinaveterinariabrpatologiaveterinariaUFSC

Síndrome da veia cava caudal em bovino

23/07/2019 21:45

A Síndrome da veia cava caudal pode ser uma condição clínica associada à formação de abcesso no sistema arterial pulmonar. Essa condição caracteriza-se pela formação de êmbolos sépticos na corrente sanguínea, formados a partir de trombos da veia cava caudal que obliteram o lúmen vascular, causando hipóxia tecidual (BRAUN et al., 2002). Os trombos são reconhecidos como sequelas de várias condições sépticas como: flebite da jugular, mastite, podridão dos cascos, enterites, pneumonias, reticulopericardite traumática e laminite (SIMPSON et al., 2012). Outra condição que pode desencadear é a onfaloflebite, processo inflamatório que acomete a veia umbilical de bezerros (MEUDAL, 2006).  Um grande número de vasos colaterais é recrutado quando a veia cava e suas principais tributárias venosas sofrem obstrução. Em consequência disso há descompensação circulatória, diminuindo a função hepática, causando fibrose tecidual, onde o tecido hepático é substituído por estroma. As lesões microscópicas encontradas na análise histopatológica são compatíveis com flebite (presença de macrófagos, linfócitos e neutrófilos), atrofia dos hepatócitos e presença de macrófagos com hemossiderina.

Bovino, fêmea da raça Holandesa, 2 anos de idade.

Imagem 1: veia cava caudal, abscesso com grande quantidade de pús.

 

Imagem 2: fígado com fibrose (substituição das células necrosadas por tecido conjuntivo) e hemorragia, HE, obj.40x.

 

Imagem 3: fígado apresentando células em necrose, picnóticas (setas pretas), comparar com as células que ainda apresentam sua conformação normal (seta branca), HE, obj. 10x.

 

Imagem 4: fígado com fibrose, hemorragia e proliferação dos ductos, HE, obj. 10x.

Coccidiose por Eimeria tenella em frango de corte

17/07/2019 18:47

A coccidiose é uma doença causada por alguns gêneros de protozoários, tendo como principais causadoras as espécies do gênero Eimeria, sendo que cada uma dessas espécies apresenta predileção por diferentes áreas do trato intestinal. As aves são infectadas ao ingerirem alimento contaminado com fezes apresentando oocistos desses parasitas. Os  oocistos ingeridos tem sua parede destruída no ventrículo, liberando esporozoítos que, ao alcançarem o intestino, invadem as células da mucosa e iniciam sua reprodução. Após duas gerações de desenvolvimento assexuado, é iniciada a fase sexuada, onde microgametas móveis se unem a macrogametas para gerarem zigotos que irão amadurecer para se tornarem oocistos. Esses últimos serão eliminados pelas fezes, contaminando o ambiente e iniciando um novo ciclo. O processo todo leva de quatro a seis dias para ocorrer, dependendo da espécie do protozoário. A infecção por Eimeria causa a destruição das células intestinais e encurtamento das vilosidades, diminuindo assim a absorção dos nutrientes ingeridos pelas aves. No caso apresentado nas fotos, a espécie responsável pela enfermidade foi a E. tenella, que possui predileção pelo ceco e é considerada uma das espécies mais patogênicas em aves. Algumas das alterações que podem ser vistas na microscopia são: destruição de glândulas cecais; áreas de hemorragia e necrose ao redor de vasos próximos a camada muscular; áreas com infiltração de células de defesa; presença das diferentes formas de desenvolvimento do parasita. A prevenção e o controle podem ser feitos utilizando-se quimioterápicos, como a monensina, e vacinação. Além disso, recomenda-se fazer a desinfecção periodicamente do ambiente onde estão os animais se possível e evitar colocá-los em locais úmidos. Para o tratamento, pode ser utilizada sulfadimetoxina 1,25% em 20 mL/L de água de bebida por 4 dias.

 

ENGLISH

Coccidiosis is a disease caused by some genus of protozoa, having as main causes the species of the genus Eimeria, which shows a predilection for different areas of the intestinal tract. Birds are infected by eating food contaminated with feces presenting oocysts of these parasites. The ingested oocysts have their wall destroyed in the ventricle, releasing sporozoites that, upon reaching the intestine, invade mucosal cells and begin to reproduce. At least two generations os asexual development called schizogony or merogony give rise to a sexual phase, where small, motile microgametes seek out and unite with macrogametes. The resulting zygote matures into an oocyst, wich is released from the intestinal mucosa and is shed in the feces where they are going to contaminating the environment and starting a new cycle. The whole process takes four to six days to occur, depending on the protozoan species. Eimeria infection causes the destruction of intestinal cells and the shortening of villi, thus reducing the absorption of nutrients ingested by birds. In this report, the species responsible for the infection was Eimaeria tenella, which have predilection for the cecum, and it is considered one of the most pathogenic species that affect birds. Some of the changes that can be seen in the microscopy are: destruction of cecal glands; areas of hemorrhage and necrosis around vessels next to the muscle layer; areas with infiltration of defense cells; presence of different forms of parasite development. Prevention and control can be used with chemotherapeutic agents, such as monensin, and vaccination. In addition, it is recommended to periodically disinfect the environment where the animals stay and avoid the formation of wet places. For treatment, 1.25% sulfadimethoxine can be used in 20 mL / L of drinking water for 4 days.

 

Ceco, tiflite necro-hemorrágica difusa acentuada associada a Eimeria tenella, cecos apresentando lesões hemorrágicas (petéquias), frango de corte, macho, 15 dias.

 

Ceco, tiflite necro-hemorrágica difusa acentuada associada a Eimeria tenella, ceco apresentando coágulo e petéquias em sua mucosa, frango de corte, macho, 15 dias.

 

Ceco, tiflite necro-hemorrágica eosinofílica e linfocítica difusa acentuada associada a Eimeria tenella, é possível observar macrogametas (setas) e microgametas (pontas de seta), frango de corte, macho, 15 dias.

 

Ceco, tiflite necro-hemorrágica eosinofílica e linfocítica difusa acentuada associada a Eimeria tenella, área com esquizontes contendo merozoítos (setas), frango de corte, macho, 15 dias.

 

Ceco, tiflite necro-hemorrágica eosinofílica e linfocítica difusa acentuada associada a Eimeria tenella, infiltrado de linfócitos (setas vermelhas) e eosinófilos (setas verdes) em região lesionada pelos protozoários, frango de corte, macho, 15 dias.

 

Ceco, tiflite necro-hemorrágica eosinofílica e linfocítica difusa acentuada associada a Eimeria tenella, região de células com núcleo picnótico e cariólise (necrose), frango de corte, macho, 15 dias.

 

Ceco, tiflite necro-hemorrágica eosinofílica e linfocítica difusa acentuada associada a Eimeria tenella, esquizontes com tamanho característico da espécie E. tenella (0,0516 milímetros ou 51,6 micrômetros) associados a área contendo sangue fora dos vasos (hemorragia), frango de corte, macho, 15 dias.

 

 

Diferença entre lipoma e lipossarcoma

05/02/2019 18:01

Ambos são tumores de origem mesenquimal, ou seja, a célula que deu início ao tumor tem origem do tecido embrionário chamado mesoderma. No entanto, estes se diferenciam conforme a sua malignidade e todas as características que diferenciam tumores benignos e malignos como metástases, crescimento, morfologia celular, entre outras características. O lipoma é um tumor benigno cujo nascimento se dá a partir das células do tecido adiposo, os lipócitos, enquanto que o lipossarcoma é um tumor maligno de mesma origem.

Lipoma: bem diferenciado, comum em cães e já visto na maioria dos animais domésticos, fêmeas caninas e felinos machos castrados siameses parecem apresentar certa predisposição. Na macroscopia apresentam-se bem circunscritos, encapsulados, massas brancacentas a amareladas indistinguíveis da gordura normal. Na microscopia as células do lipoma são idênticas aos lipócitos normais, ou seja, presença de grandes vacúolos claros/brancos intracitoplasmáticos que empurram e comprimem o núcleo para a periferia. Alguns dos tumores têm regiões de necrose, inflamação e/ou fibrose. A célula inflamatória predominante geralmente é o macrófago que pode ou não ser epitelióide.  Possuem crescimento lento e são curados apenas com a excisão cirúrgica. Podem ser infiltrativos o que dificulta a excisão completa e pode exigir múltiplas excisões, além da dificuldade de determinar as margens, pois os adipócitos neoplásicos e normais são muito semelhantes.

Intestino, lipoma, equino, fêmea, 33 anos, presença de cápsula de tecido fibroso, HE, 4X

 

Intestino, lipoma, equino, fêmea, 33 anos, material amorfo levemente basofílico no interior de alguns adipócitos (necrose de gordura), HE, 10X.

 

Intestino, lipoma, equino, fêmea, 33 anos, há formações de células com um único vacúolo grande no citoplasma que deslocam o núcleo para a periferia (adipócitos), HE, 10X

 

Intestino, lipoma, equino, fêmea, 33 anos, há formações de células com um único vacúolo grande no citoplasma que deslocam o núcleo para a periferia (adipócitos). Entre as células há pequenos vasos e estroma delicado, HE, 40x.

 

Lipossarcoma: são raros nos animais domésticos, mas ocorrem em todas as espécies sendo os cães da raça Pastor-de-shetland mais afetados, sem predisposição para sexo, com aumento da incidência conforme o aumento da idade, pode ser dividido em 3 subtipos ainda pouco usados na veterinária (bem diferenciado, anaplásico ou pleomórfico e mixóide). Na macroscopia podem ser semelhantes a lipomas, mas a maioria é firme, massas cinzentas a brancacentas que infiltram o tecido subcutâneo e muscular adjacente. Na microscopia são compostos por células arredondadas a poligonais arranjadas em folhas, com citoplasma geralmente abundante e pouco ou nenhum colágeno no estroma. O núcleo varia de redondo a oval e tende a possuir um tamanho maior quando comparado ao lipoma com diferentes graus de pleomorfismo.

 

Subcutâneo, lipossarcoma, rato, fêmea, 2 anos e 7 meses, nódulo formado por múltiplos lóbulos delimitados,caracterizado por proliferação de células arredondadas por vezes estreladas, HE, 4X.

 

Subcutâneo, lipossarcoma mixóide, rato, fêmea, 2 anos e 7 meses, proliferação de células arredondadas por vezes estreladas, dispostas em ninhos alocados em matriz densa, por vezes apresentando material levemente basofílico em meio aos ninhos (matriz mucóide). As células neoplásicas apresentam citoplasma amplo, vacuolar, hipocorado a levemente eosinofílico e núcleos com cromatina fragmentada (anisocariose moderada). Raras figuras de mitose. Há vaso sanguíneos abundantes, HE, 40X

 

Subcutâneo, lipossarcoma, rato, fêmea, 2 anos e 7 meses, nódulo formado por múltiplos lóbulos delimitados,caracterizado por proliferação de células arredondadas por vezes estreladas em meio a matriz mucóide, Alcian Blue, 4X.

 

Subcutâneo, lipossarcoma mixóide, rato, fêmea, 2 anos e 7 meses, proliferação de células arredondadas por vezes estreladas, dispostas em ninhos alocados em matriz densa, por vezes apresentando material levemente basofílico em meio aos ninhos (matriz mucóide). As células neoplásicas apresentam citoplasma amplo, vacuolar, hipocorado a levemente eosinofílico e núcleos com cromatina fragmentada (anisocariose moderada). Raras figuras de mitose. Há vaso sanguíneos abundantes, Alcian Blue, 40X

 

 

 

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