Patologia Veterinária
 
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  • Resumo: Neoplasias Testiculares de Cães

    Publicado em 07/12/2020 às 23:25

    Na sexta-feira, dia 4 de dezembro, a acadêmica Tainá Rodrigues fez uma apresentação ao GeHisPa sobre ‘’Neoplasias testiculares de cães’’. Segue abaixo um resumo sobre o tema abordado.

    As neoplasias testiculares são o segundo tipo de neoplasias mais comuns em cães machos, logo após os tumores de pele, sendo que ocorrem principalmente em animais idosos, com cerca de 9 a 11 anos de idade. Cães criptorquidas são ainda mais suscetíveis, com as chances de desenvolvimento da neoplasia testicular aumentando de 10 a 26 vezes, a qual nestes casos geralmente é maligna. Nos casos em que o tumor se desenvolve em testículos na bolsa escrotal há maior chance dos tumores serem benignos.
    As neoplasias primárias são classificadas de acordo com as células afetadas, sendo o seminoma o tumor das células germinativas, sertolioma das células de sertoli e leydigocitoma das células de Leydig. Na microscopia, os seminomas podem apresentar forma intralobular e/ou difusa. A forma intralobular se caracteriza por preenchimento dos túbulos seminíferos atróficos por células neoplásicas arredondadas, sendo focal ou multifocal. A forma difusa é caracterizada por difusão das células neoplásicas dentro dos túbulos em direção ao interstício, apresentando forma de ‘’folhas largas’’ e aspecto de ‘’céu estrelado’’ dentro da neoplasia. O sertolioma também pode apresentar tanto a forma difusa quanto a intralobular, com a forma difusa apresentando mais características malignas, como figuras anormais de mitose e agregados focais ou perivasculares de linfócitos maduros. O tumor das células de Leydig por sua vez pode apresentar 3 padrões, sendo estes o cístico-vascular, o pseudoadenomatoso e o padrão sólido-difuso. O cístico-vascular apresenta espaços vasculares de grandes dimensões, delimitados por células endoteliais igualmente presentes neste padrão. O pseudoadenomatoso é caracterizado por células neoplásicas dispostas em lóbulos de diversas células pouco organizadas que circundam espaços repletos por fluido. Já o padrão sólido-difuso é composto por grupos ou cordões septados por tecido conjuntivo delicado que se organizam de forma radial a vasos sanguíneos. Os núcleos se encontram na periferia, formando estruturas em roseta.
    Nos casos em que não é possível obter o diagnóstico com a histopatologia e citologia, pode ser realizada a imunohistoquímica, na qual são utilizados marcadores tumorais, sendo que muitos destes marcadores podem indicar também o prognóstico da doença.


  • Resumo: Histologia do sistema digestório de aves

    Publicado em 02/12/2020 às 1:17

    Na sexta-feira, dia 27 de novembro, as graduandas Ana Karolina Panneitz e Paola Sônego fizeram uma apresentação ao GEHisPa sobre o tema ‘’Histologia do sistema digestório de aves’’. Segue um resumo do tema abordado. 

    Atualmente o Brasil é o 3º maior produtor mundial de frangos e essa produção animal está intimamente ligada a parte nutricional desses animais, como estes vão converter o que comem em produtos de interesse econômico. Devido a isso, é importante entender a anatomia e histologia do trato digestório das aves, assim como as patologias que o acometem. 

    No que se refere às diferenças em trato digestório entre as diversas espécies de aves, algumas delas podem ser observadas no divertículo esofágico. Algumas espécies com hábitos alimentares carnívoros, como as corujas e outros rapinantes, não possuem o divertículo ou possuem pouco desenvolvido. Os pombos por sua vez produzem no divertículo esofágico o leite de papo para os filhotes, sendo que para isso possuem um epitélio que sofre hipertrofia, fica mais vascularizado e com presença de células especializadas nessa produção. Com relação ao ventrículo, falconiformes, strigiformes e gaivotas possuem uma camada muscular menor comparada com as aves domésticas. E referente a vesícula biliar, pombos, papagaios, periquitos australianos e struthioniformes (emas e avestruzes) não a possuem.  

    Para melhor visualização optamos por deixar apenas as fotos de microscopia nas artes e as legendas seguem abaixo:

     

    Figura 1: Secção sagital da cabeça onde pode-se observar a histologia do bico, com epitélio estratificado escamoso com camada cornificada. Além disso pode-se observar a derme com presença de órgãos sensoriais (corpúsculos de Herbst). 

    Figura 2: Língua, 5. Ductos das glândulas salivares; 7. Cartilagem hialina; 10. Glândulas salivares; 11. Epitélio estratificado pavimentoso. Na figura 3, papilas gustativas destacadas no quadrado. 

    Figura 4: Esôfago, 1. Lúmen; 2. Epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado; 3. Lâmina própria; 4. Muscular da mucosa; 5. Submucosa; 6. Túnica muscular; 7. Túnica adventícia; 8. Glândulas do esôfago; 9. Tecido linfoide associado a mucosa. Na figura 5, maior aumento, sendo possível observar estratificação da camada epitelial (asterisco), presença de tecido linfoide (seta branca) e glândula (seta vermelha). 

    Figura 6: Divertículo esofágico, com a mesma composição do esôfago e presença de muitas glândulas. Na figura 7,  observa-se, hiperplasia difusa do epitélio em ave produzindo leite de papo. E na figura 8, maior aumento mostrando, 1. Epitélio estratificado escamoso cornificado. Células secretoras de leite de papo apresentando tonalidade mais clara devido ao depósito de gordura; 2. Tecido conjuntivo; 3.Capilar; 4.Lâmina própria. 

    Figura 9: Pró-ventrículo em menor aumento; 1.Lúmen; 2.Mucosa; 3.Lâmina própria; 4 e 5.Glândulas formadas por células oxintopépticas que produzem o HCL e pepsinogênio; 6.Camada muscular; 7.Plexo mioentérico; 8.Serosa. Na figura 10, maior aumento, 1.Glândulas; 2.Vaso sanguíneo; 3.Muscular da mucosa; 4.Submucosa; 5 e 6.Muscular com camadas longitudinal e transversal; 7.Tecido nervoso; 8.Serosa. Por fim, imagem da mucosa, mostrando, glândulas multilobulares formadas pelas células oxintopépticas (produtoras de HCL e pepsinogênio). 

    Figura 12: Ventrículo, menor aumento. 1.Coelina; 2.Mucosa; 3.Submucosa; 4.Muscular. Na figura 13, em maior aumento. 1.Epitélio cúbico; 2.Secreção apical; 3.Células principais; 4.Células basais; 5.Camada de coelina. 

    Figura 14: Intestino delgado. 1, vilosidade; 2, criptas de Lieberkuhn; 3, submucosa; 4, muscular; 5, serosa. Aves não possuem glândulas duodenais responsáveis pela neutralização do pH do conteúdo advindo do estômago. Na figura 15, em maior aumento. 1, vilosidade; 2. Criptas de Lieberkuhn; 3.Submucosa; 4 e 5.Camadas  transversal e longitudinal da muscular. No círculo está plexo de Meissner e na seta o plexo mioentérico.

    Figura 16: Cloaca. 5.Corpúsculo de Herbst;  9.Epitélio colunar simples; 12.Epitélio escamoso estratificado.

    Figura 17: Fígado. 1.Cápsula de Glisson; 2.Septo interlobular; 4.Veia central; 5.Cordões de hepatócitos e capilares sinusóides.  Na figura 18, maior aumento 1.Ramo da veia porta. 2.Ramo da artéria hepática; 3.Ducto biliar.

    Figura 19: Vesícula biliar. 1.Adventícia; 3.Epitélio simples colunar; 4.Lúmen; 9.Mucosa; 11.Muscular.

    Figura 20: Pâncreas. 1 e 2, ilhotas de Langerhans; 3.Ducto intralobular; 4.Glândulas túbulo-acinares (pâncreas exócrino). Na figura 21, maio aumento de 1.Ilhota beta; 2.Pâncreas exócrino. Pâncreas endócrino possui dois tipos de ilhotas, as alfas que produzem glucagon (células mais acidófilas e mais colunares) e betas que produzem insulina (células mais basófilas e formato mais poligonal)

    Referências

    ANTÃO, Vitoria de Santo. Análise histológica da porção superior do trato digestório do Gavião-Carij (Rupornis magnirostris GMELIN, 1788). Licenciatura em Ciências Biológicas, UFPe, 2016.

    AZIZ-ABDUL Tahseen. Avian Histopathology. 4 ed. Copyright: Madison, 2016. 650p.

    Bacha Jr W.J. & Bacha L.M. (2006). Color Atlas of Veterinary Histology, 2nd ed., Blackwell Publishing.

    DYCE, Keith M.. Tratado de anatomia veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 834 p.

    Histology of birds. 2012. Ghent University. Disponível em: http://www.histology-of-birds.com/home.php. Acesso em: 26 nov. 2020

     


  • Resumo: Salmonelose em suínos

    Publicado em 25/11/2020 às 19:21

    Na sexta-feira, dia 20 de novembro, o acadêmico Jean Carlo Olivo Menegatt fez apresentação ao GEHisPa sobre o tema ‘’Salmonelose em Suínos’’. Segue abaixo um resumo do tema abordado.

    A salmonelose é uma doença infecciosa de grande importância econômica e em saúde pública, uma vez que possui caráter zoonótico. Distribuída mundialmente, esta patologia é causada pelas espécies Salmonella enterica e Salmonella bongori, tendo estas mais de 2400 sorovares. Com relação à suinocultura, os sorovares de maior importância são S. Cholereasuis var kunzendorf e S. Typhimurium, causadoras das formas septicêmica e entérica. Sua via de infecção preferencial é a fecal-oral, sendo que um dos principais meios de contaminação é a ração contaminada.
    O diagnóstico sugestivo é feito por meio das lesões encontradas na necropsia e histopatologia. O diagnóstico definitivo é dado pela associação das lesões com isolamento e sorotipificação.
    Sua profilaxia é baseada no manejo sanitário, evitar aglomerações, evitar adquirir animais de propriedades endêmicas e realizar a desinfecção dos fômites com desinfetantes a base de fenol, cloro ou iodo. Nas instalações, vassoura de fogo e controle de vetores. A vacinação é indicada somente em surtos da doença no rebanho. Animais infectados devem ser isolados e tratados. O tratamento é de suporte associado a antibiótico oral ou parenteral para controlar a infecção intestinal e evitar a disseminação da bactéria, durante de 7 a 10 dias nos casos entéricos e cerca de 15 dias nos sistêmicos.

    Fonte bibliográfica: PAIXÃO, Tatiane Alves da; PINTO, José Paes de Almeida Nogueira; SANTOS, Renato de Lima. Enfermidades pelo gênero Salmonella. In: MEGID, Jane; RIBEIRO, Márcio Garcia; PAES, Antonio Carlos. Doenças infecciosas em animais de produção e de companhia. Rio de Janeiro: Roca, 2018. Cap. 45. p. 478-493.


  • Resumo: Osteomielite aguda e parasita sanguíneo em fóssil brasileiro – uma revisão

    Publicado em 17/11/2020 às 14:12

    Na sexta-feira, dia 13 de novembro, os graduandos Fabrício Bianco Lopes e Emili Camerini fizeram uma apresentação ao GEHisPa intitulada “Osteomielite aguda e parasita sanguíneo em fóssil brasileiro: uma revisão”. Segue abaixo um resumo do que foi apresentado.
    A apresentação foi focada no estudo de Aureliano et al (2020), que avaliou a ocorrência de osteomielite aguda
    associada a presença de parasitas sanguíneos em um fóssil de titanossauro encontrado no município de Ibirá, em
    São Paulo. O osso em questão se tratou de uma fíbula fragmentada, na qual, por meio de tomografia computadorizada, foi possível observar reações periosteais formando protuberâncias com formato de doma elíptica e
    padrão de filigrana.

    No exame histopatológico, foi observado elevação periosteal com tecido reticular primário; perda do padrão reticular; córtex irregular em toda sua extensão; presença de área com menor reação, apresentando
    concentração fibrolamelar; presença de canais radiais em locais com lesão, os quais apresentavam reação avançada,
    vascularização reticular maior e cavidades de reabsorção, dando origem às protuberâncias observadas.

    Com relação aos parasitas, foi visto que estes possuíam formato fusiforme e coloração variando de cinza escuro a
    verde escuro, sendo constituídos principalmente por fosfato de cálcio. Além disso, foi observado que as formas
    menores estavam presentes tanto na região cortical quanto na medular, enquanto que as formas maiores foram
    encontradas apenas na região medular. A anisotropia e química irregulares, além da análise da morfologia, permitiu a identificação do parasita como pertencente à família Trypanosomatidae. Esta é a primeira descrição de um fóssil
    parasita preservado diretamente em tecidos de vertebrados. Isso foi possível devido a replicação de minerais
    autigênicos durante decomposição óssea.

    Legenda imagens:
    1- Fotografia detalhada da lesão fossilizada mostrando formas epiteliais eruptadas.
    2- Imagens de modelo de tomografia computadorizada 3D reconstruído de fragmento da fíbula. Vistas: A-medial; Blateral; C-anterior; D-posterior).
    3- Imagem ilustrativa mostrando as fases de formação de um fóssil.
    4- Histologia da fíbula do titanossauro. A menor imagem mostra osso secundário arranjado longitudinalmente na
    cortical interna anteromedial. Ao aproximar observam-se três gerações de ósteons secundários se sobrepondo.
    Observe que há até seis camadas Haversianas depositadas centrípeta ao redor dos ósteons. As imagens foram
    tiradas sob luz polarizada (nicóis cruzados)
    5- Histologia da reação periosteal à disseminação da lesão infecciosa. Aumento da deformidade tecidual (lesão
    óssea) e reações periosteias (PR) agressivas.
    6 – Parasitas fossilizados preservados no interior dos canais vasculares. Foi usada luz polarizada.
    7 e 8- Aproximação da imagem 5 (F). Estruturas oxidadas pontilhadas em grupos localizadas na protuberância
    sugerem potencial infecção secundária por bactérias (desenho esquemático em 8).

     

     

     

     

     

     

     

     

     


  • Resumo: Linfoma Canino

    Publicado em 09/11/2020 às 21:52

    Nesta sexta-feira, dia 06 de novembro de 2020, durante o encontro do GEHisPa, os graduandos Kaio Augusto e Vinícius Bassoli apresentaram ao grupo a palestra intitulada “Linfoma Canino”. Segue abaixo um resumo do tema abordado.
    O linfoma é uma neoplasia de caráter maligno que acomete diversas espécies, sendo uma delas os cães. Ela é caracterizada pela multiplicação exacerbada das células de defesa chamadas linfócitos e seus derivados (linfócito B, linfócito T, linfoblastos) que acabam se disseminando pelo organismo. Pode ser classificado conforme a localização anatômica dos tumores e conforme o tipo celular.

    A causa do linfoma ainda é desconhecida mas, acredita-se que seja de origem multifatorial, sendo que as causas mais prováveis estão ligadas a aberrações cromossômiais, à imunossupressão crônica e à exposição a agentes químicos (solventes orgânicos, herbicidas, dentre outros).
    O tratamento mais utilizado para o linfoma é a quimioterapia convencional que é capaz de induzir remissão completa em 60 a 90% dos animais. O prognósticos e o tratamento diferem de acordo com a região acometida e o grau de malignidade.
    Legendas
    Figura 1: Linfonodo, descaracterização do parênquima do órgão causada pelos linfócitos neoplásicos, observa-se grande homogeneidade do tecido sem distinção de nódulos linfáticos e seios linfáticos.
    Figura 2: Linfócitos neoplásico no maior aumento.
    Figura 3: Baço, diminuição da polpa vermelha e aumento exacerbado da polpa branca causado pelos linfócitos neoplásicos
    Figura 4: Pulmão, presença de linfócitos neoplásicas ao redor do bronquíolo. Há também material amorfo eosinofílico no interstício (edema intersticial) e alvéolos obliterados.

     

      

     


  • Resumo GEHisPa Especial: Como a biologia molecular pode ajudar o veterinário a campo?

    Publicado em 03/11/2020 às 14:40

    Na sexta-feira, dia 30 de outubro, o GEHisPa recebeu uma apresentação especial com o tema ‘’Como a biologia molecular pode ajudar o veterinário a campo?’’, ministrada pela Dra. Ma. e M.V Caroline Pissetti. Segue abaixo um resumo do tema.

    Considerando a área de diagnóstico, a biologia molecular é o estudo genético de agentes patogênicos. Para isso, inclui técnicas como PCR convencional, PCR em tempo real, dentre outras.
    Assim como ocorre em outras técnicas de diagnóstico, a escolha do material a ser coletado e o acondicionamento deste são extremamente importantes, devendo-se conhecer o patógeno e a doença da qual se está desconfiando. Um exemplo disso seria a diferença no acondicionamento de vírus DNA e vírus com RNA, sendo este último sensível a congelamento a -20°C, sendo preferível portanto a refrigeração, enquanto que o primeiro é mais resistente à baixa temperatura. Além disso, é essencial que o veterinário tenha noção de como funcionam as técnicas moleculares para que não ocorram erros na hora de interpretar os resultados.
    O CT (cycle threshold) é um valor da PCR em tempo real que frequentemente pode causar confusão na hora da interpretação dos resultados. Este valor informa em qual ciclo a fluorescência gerada pelas reações com a amostra foi suficiente para considerá-la positiva para determinado agente patogênico. Portanto, é um indicativo da quantidade de material genético presente na amostra, sendo que valores maiores indicam menores quantidades de DNA, uma vez que foram necessários mais ciclos para o reconhecimento. Como vantagens, têm-se a possibilidade de identificar doenças endêmicas na propriedade e fazer o monitoramento da granja, além de saber se o agente que está sendo pesquisado realmente pode estar causando patologias nos animais.
    A PCR convencional por sua vez é interpretada de acordo com a observação de bandas formadas em gel de agarose, permitindo apenas dizer se a amostra foi positiva ou negativa, mas sem dar uma noção da quantidade de agente presente nela.


  • Resumo: Intoxicação por Senecio spp. em bovinos

    Publicado em 01/11/2020 às 23:13

    Na sexta-feira, dia 30 de outubro de 2020, durante o encontro do GEHisPa, as graduandas Daniela Raldi e Mariéla T. Packer apresentaram ao grupo a palestra intitulada “Intoxicação por Senecio spp. em bovinos”. Segue abaixo um resumo do tema abordado.

    O Senecio spp. está presente principalmente na região Sul do Brasil. A espécie mais conhecida por gerar intoxicação é o S. brasiliensis. É uma planta hepatotóxica, sendo o seu princípio tóxico os alcalóides do grupo das pirrolizidinas. Os alcaloides impedem a mitose nas células hepáticas, causando lesões no fígado. Além disso, ocorre alterações no SNC pelo acúmulo de amônia. A morbidade é 1-30% e a mortalidade de 100%. A toxicidade depende da época do ano e do ciclo de crescimento. A dose tóxica em bovinos é de um total 75-150g/kg da planta verde, portanto uma ingestão diária 0,6-5g/kg durante 1 a 8 meses.

    Naturalmente acomete mais os bovinos, que apresentam como principais sinais clínicos diarreia, fezes secas, tenesmo, anorexia, prolapso retal, fotossensibilização, ascite e as vezes edema de barbela ou peito. A intoxicação natural se apresenta de forma crônica e não tem tratamento, podendo levar tempo para a manifestação dos primeiros sinais, mas depois do início o animal não sobrevive por muito tempo. Nas outras apresentações de condições experimentais as lesões macroscópicas podem variar dentro dos quadros agudos (aspecto noz moscada, edema da vesícula biliar, hemorragias em diversos tecidos), subagudos (áreas avermelhadas amareladas ao corte e finos desenhos esbranquiçados em forma de rede) e crônicos (edemas, hemorragias em diversos tecidos, cirrose hepática e icterícia). Na histopatologia a principal lesão é fibrose hepática, megalocitose, degeneração e necrose, por vezes degeneração esponjosa no sistema nervoso central e lesões nos rins. Precisamos diferenciar essa intoxicação de outras plantas hepatotóxicas como Crotalaria spectabilis, Crotalaria retusa, Echium plantagineum e Tephrosia cinérea.

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  • Resumo: Avaliação e classificação de queimaduras em animais selvagens

    Publicado em 17/10/2020 às 18:45

    Na sexta-feira, dia 16 de outubro de 2020, durante o encontro do GEHisPa, as graduandas Acauane Sehnem Lima e Stephanie Alves de Freitas apresentaram ao grupo a palestra intitulada “Avaliação e Classificação de Queimaduras em Animais Selvagens”. Segue abaixo um resumo do tema abordado.

    Devido ao atuais eventos em todo o país, tratar de queimadura se tornou algo de extrema importância. As queimaduras em animais silvestres recebem a mesma classificação que em domésticos. Todavia é importante lembrar que devido a grande diversidade de animais e tamanhos, e diversas composições de pele, muitas vezes essas classificações são subjetivas e pouco usadas.

    Mel ou própolis: O mel também proporciona um ambiente úmido na ferida e gera condições favoráveis para a sua cicatrização. As propriedades antimicrobianas do mel são atribuídas a alguns dos seus componentes como o peróxido de hidrogênio, bem como aos elevados níveis de açúcar que geram alta osmolaridade com o consequente efeito higroscópico e baixo pH. Os benefícios do mel na cicatrização de feridas incluem o estímulo ao crescimento tecidual, o aumento da epitelização e a minimização da formação de cicatriz que pode estar associada ao fato do mel diminuir os níveis de prostaglandina e aumentar os produtos finais oriundos do óxido nítrico

    Pomadas cicatrizantes: é o tratamento mais utilizado e mais acessível, os medicamentos disponíveis são basicamente antibióticos, anti-inflamatórios, cicatrizantes disponíveis. Geralmente associados a outros princípios ativos. O mais comum é a sulfadiazina de prata a 1%.

    Células-tronco: a células-tronco exógenas melhoram o processo cicatricial, por sua ação reconstrutora de tecidos ou pela secreção de substâncias, que dependem da fonte de células e de sua administração. A meta de aplicação das células-tronco em queimaduras visa melhorias na qualidade da cicatrização, com fechamento precoce da lesão pela aceleração do processo cicatricial e prevenção das contraturas e formações cicatriciais, preferencialmente com regeneração da pele com seus apêndices; além disso, a atenuação da resposta inflamatória sistêmica nas queimaduras extensas pode auxiliar na redução das infecções. Alguns desafios permanecem a ser definidos como: a melhor fonte tecidual doadora, método de processamento, modo da aplicação clínica e sua funcionalidade

    Pele de tilápia: a caracterização da pele de tilápia do Nilo, a partir de suas propriedades histomorfológicas, tipificaçao do colágeno e características físicas (resistência à tração)  mostrou que as características microscópicas da pele são semelhantes à estrutura morfológica da pele humana, apresentando derme composta por feixes de colágeno compactados, longos e organizados, em disposição paralela/horizontal e transversal/vertical, predominantemente, do tipo I. A pele também demonstrou elevada resistência e extensão à tração em quebra. O colágeno tipo I da pele da tilápia estimula Fatores de Crescimento de Fibroblastos (FGF), os quais expressam e liberam Fator de Crescimento de Queratinócitos (KGF), duas citocinas importantes e imprescindíveis para o fechamento das feridas.

    Lembrando que os tratamentos acima são realizados após a estabilização dos animais que muitas vezes chegaram desidratados, desequilíbrio eletrolítico, com dor, perda ou aumento da temperatura, alterações cardíacas e edema, por isso deve-se proceder com sua estabilização para então fazer o curativo. O prognóstico é sempre reservado, pois além da queimadura, sua extensão e profundidade, deve-se considerar que o animal pode ter inalado monóxido de carbono o que leva a mortes por intoxicação.

     

     


  • Resumo: Dirofilaria immitis – uma abordagem multidisciplinar

    Publicado em 15/10/2020 às 12:04

    Na sexta-feira, dia 09 de outubro, durante o encontro do GEHisPa, a médica veterinária Ana Paula Remor Sebolt apresentou ao grupo palestra intitulada “Dirofilaria immitis: uma abordagem multidisciplinar’’. Segue abaixo um resumo do tema abordado.

    A Dirofilaria immitis é um nematódeo causador da dirofilariose, popularmente conhecida como ‘’doença do verme do coração’’. Sua transmissão é dependente de vetores, uma vez que neles ocorre o desenvolvimento das larvas do parasita. Devido às características do ambiente, propícias ao desenvolvimento dos mosquitos vetores e das larvas do nematódeo, o parasita está mais presente em áreas litorâneas. Contudo, nos últimos anos foi observado um crescimento no número de casos em áreas mais distantes do litoral, devido principalmente ao aumento da temperatura, modificações ambientais, como expansão imobiliária, e migração de animais de áreas endêmicas a áreas com presença de vetores competentes.

    Com relação aos sinais clínicos, os animais geralmente são assintomáticos, com a gravidade da doença estando relacionada a carga parasitária. Quando há sinais clínicos, esses frequentemente se caracterizam por tosse, intolerância ao exercício e síncope.

    A infecção também pode ocorrer em seres humanos, sendo que estes são infectados da mesma forma que os cães. No entanto, em humanos o parasita não atinge a fase adulta, causando uma reação inflamatória no pulmão que gera um ou mais nódulos, sendo mais comum o nódulo isolado.

    A prevenção da doença ocorre principalmente ao evitar o contato dos mosquitos com animais não-humanos e humanos, por meio de repelentes e telas nas janelas, além de evitar a saída dos cães para ambientes externos em época de grande atividade dos vetores. Já o tratamento é feito com uso de lactonas macrocíclicas ou por meio de cirurgia para retirada dos parasitas. Além disso, também pode ser utilizado doxiciclina para combater a (bactéria essencial para a sobrevivência da Dirofilaria), fragilizando assim as formas do nematódeo.

     

     


  • Resumo: Intoxicação por samambaia em bovinos

    Publicado em 10/10/2020 às 21:20

    Distribuída do sul da Bahia ao Rio Grande do Sul, Pteridium aquilinum var. arachnoideum, popularmente conhecida como ”Samambaia”, é uma planta com capacidade de causar intoxicação em diversas espécies domésticas. Em monogástricos, tende a causar quadros neurológicos. Ruminantes por sua vez tendem a apresentar quadros radiomiméticos, que variam de acordo com a quantidade e período de consumo da planta. Nestes a forma aguda se apresente como diátese hemorrágica, enquanto que as formas crônicas são hematúria enzoótica e a formação de carcinomas de células escamosas no trato digestório.

    Seu diagnóstico é feito por meio das informações coletadas do histórico do animal e da região onde ele está inserido, sinais clínicos observados, presença da planta no local frequentado pelos animais e lesões encontradas no exame necroscópico. Não há tratamento para casos de intoxicação por samambaia, apenas medidas para evitar o aparecimento de novos casos. Dentre estas medidas, estão: retirar animais de áreas infestadas; realizar aração e calagem do solo; evitar prática de queima da pastagem; manter animais bem alimentados; praticar manejo rotacionado.

    No período de 2013 a 2020 o Laboratório de Patologia Veterinária da UFSC realizou 20 necropsias de animais intoxicados por plantas, dos quais 5 casos eram de intoxicação por samambaia. Além disso, foram recebidas amostras para histopatológico de 8 casos de CCE em bovinos, dos quais 3 foram causados por samambaia. De todos os casos de intoxicação por P. aquilinum, 6 casos eram de fêmeas, 1 de macho e 1 histopatológico no qual não foi informado o sexo do animal. Todos estes animais possuiam mais de 5 anos de idade e apresentavam formação de carcinomas de células escamosas no trato digestório. Com relação a localização exata dos tumores, 2 animais apresentaram CCE na base da língua, 1 na língua, 5 no esôfago, 1 no rúmen e 1 no cárdia, sendo que em 5 casos o carcinoma se apresentou bem diferenciado, em 1 caso moderamente diferenciado e em 2 casos indiferenciado. No que se refere a região de ocorrência, 4 casos ocorreram em Curitibanos, 2 em Ponte Alta do Norte, 1 em Francisco Beltrão e 1 em São Cristóvão do Sul. Já com relação a estação, 2 casos foram relatados na primavera, 2 no outono, 1 no inverno, 1 no verão e em 1 caso de histopatológico não foi informado ao laboratório a data da necropsia.


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