Intoxicação por sal em suínos

29/08/2023 23:52

A intoxicação por sal em suínos é o problema não infeccioso mais comum na suinocultura. É descrita na literatura desde o século XIV, onde os suínos apresentavam sinais neurológicos, entretanto, a causa da intoxicação ainda não havia sido esclarecida. Somente após o século XX, foram descobertas as causas de sinais neurológicos em suínos – associados com a ingestão de sal na dieta- e, por isso, foram realizados diversos experimentos para avaliar as doses tóxicas nesses animais.

O sal na dieta dos suínos é um mineral vital para o desenvolvimento dos animais, principalmente nas fases iniciais da vida. O sódio, presente no sal, atua principalmente no sistema nervoso, auxiliando nos impulsos nervosos,  e no sistema muscular, colaborando com a contração muscular e no ganho de musculatura. Devido à isso, para que os efeitos do sódio na dieta sejam positivos, esse mineral deve estar presente em no máximo 2% da dieta dos suínos.

A intoxicação ocorre quando há o fornecimento de sal em excesso ou quando está sendo fornecido de forma adequada, porém com falta de administração de água. O sal em excesso, causará um aumento nas concentrações de sódio na circulação sanguínea, caracterizando um quadro de hipernatremia. Por sua vez, o sódio em excesso na circulação tem a tendência de de atrair a água, logo, as células desidratam pelo processo de osmose (água flui do meio menos concentrado para o mais concentrado). Esse desequilíbrio osmótico, desencadeia em um aumento de líquidos na circulação, que atinge o sistema nervoso, ocorrendo um edema cerebral.

Os sinais clínicos incluem hiperexcitabilidade, convulsões, distúrbios de comportamento, sialorréia, falta de reflexos, opistótono, tremores, incoordenação motora, decúbito lateral ou esternal, head-preassing e movimentos de pedalagem.

Não existe tratamento curativo para essa intoxicação. Recomenda-se fazer tratamento de suporte como fluidoterapia em animais com sinais clínicos leves e no estágio avançado da intoxicação, com sinais neurológicos, devem ser abatidos. Deve-se priorizar remover a fonte da intoxicação e fornecer a quantidade de água adequada aos animais. A etiologia da intoxicação por sal é variada e inclui: ração com excesso de sódio, soro de leite como fonte hídrica, poças d’água, resíduos de alimentação humana, etc.

Visto que os sinais neurológicos dessa intoxicação são comuns de várias outras patologias, deve-se descartar as possíveis causas, incluindo doenças infectocontagiosas e zoonoses como: Raiva, encefalites, meningites virais por Circovírus, meningites bacterianas por Salmonela sp. ou E. coli, Doença de Aujeszky, Doença de Glasser.

A realização da necropsia tem papel fundamental como diagnóstico, por meio da visualização das lesões em macroscopia e posteriormente, em microscopia. As lesões são vistas no encéfalo, onde há presença de áreas amareladas a esverdeadas, caracterizando uma malácia, além de achatamento das circunvoluções (por causa do edema, que pressiona o órgão sob a caixa craniana). Na coloração de rotina, hematoxilina-eosina (HE), é possível visualizar neurônios diminuídos, com citoplasma hipereosinofílico e com núcleos picnóticos (necrose neuronal).

Referências:

BRUM, Juliana S; NOGUEIRA, José; LUCENA, Ricardo B; et al. Intoxicação por sal em suínos: aspectos epidemiológicos, clínicos e patológicos e breve revisão de literatura. v. 33, n. 7, p. 890–900, 2013. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/pvb/a/sQFFWy5CsJDLZ8cQSqdc9Yz/#>. Acesso em: 16 jun. 2023.

Silva, Luis; Delazeri, Ribeiro; Resende, Arthur; Assis, Ísis; Nascimento, Eric. Aspectos clínicos da intoxicação por sal em suínos. Disponível em: <file:///C:/Users/Usu%C3%A1rio/Downloads/INTOXICA%C3%87%C3%83O+POR+SAL+EM+SU%C3%8DNOS.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2023

LOSS, Daiene Elisa et al. Intoxicação por sal em suínos. Salão de Iniciação Científica (17.: 2005: Porto Alegre). Livro de resumos. Porto Alegre: UFRGS, 2005., 2005. Acesso em: 17 jun. 2023.

DELAZERI, Luis Felipe Silva Ribeiro et al. Aspectos Clínicos da Intoxicação por Sal em Suínos. Anais da Semana Universitária e Encontro de Iniciação Científica (ISSN: 2316-8226), v. 1, n. 1, 2022. Acesso em: 17 jun. 2023.

Salt poisoning in pigs

Salt poisoning in pigs is the most common non-infectious problem in pig farming. It is described in the literature since the 14th century, where pigs showed neurological signs, however, the cause of intoxication had not yet been clarified. Only after the 20th century, the causes of neurological signs in pigs – associated with salt intake in the diet – were discovered and, therefore, several experiments were carried out to assess the toxic doses in these animals.

Salt in the diet of pigs is a vital mineral for animal development, especially in the early stages of life. Sodium, present in salt, acts mainly on the nervous system, helping with nerve impulses, and on the muscular system, collaborating with muscle contraction and muscle gain. Because of this, for the effects of sodium in the diet to be positive, this mineral must be present in a maximum of 2% of the pigs’ diet.

Intoxication occurs when salt is supplied in excess or when it is being supplied adequately, but with a lack of water. Excessive salt will cause an increase in sodium concentrations in the bloodstream, characterizing hypernatremia. In turn, excess sodium in the circulation tends to attract water, so the cells dehydrate through the process of osmosis (water flows from a less concentrated medium to a more concentrated one). This osmotic imbalance triggers an increase in fluids in the circulation, which affects the nervous system, causing cerebral edema.

Clinical signs include hyperexcitability, seizures, behavioral disturbances, sialorrhea, lack of reflexes, opisthotonos, tremors, motor incoordination, lateral or sternal recumbency, head-preassing and pedaling movements.

There is no curative treatment for this intoxication. It is recommended to carry out supportive treatment such as fluid therapy in animals with mild clinical signs and in the advanced stage of intoxication, with neurological signs, they must be slaughtered. Priority should be given to removing the source of intoxication and providing the animals with adequate water. The etiology of salt intoxication is varied and includes: feed with excess sodium, whey as a water source, water puddles, human food waste, etc.

Since the neurological signs of this intoxication are common in several other pathologies, possible causes must be ruled out, including infectious diseases and zoonoses such as: Rabies, encephalitis, viral meningitis due to Circovirus, bacterial meningitis due to Salmonella sp. or E. coli, Aujeszky’s Disease, Glasser’s Disease.

Carrying out a necropsy plays a fundamental role as a diagnosis, through the visualization of the lesions in macroscopy and later, in microscopy. The lesions are seen in the brain, where there are yellowish to greenish areas, characterizing a malacia, in addition to flattening of the convolutions (due to the edema, which presses the organ under the cranial box). In routine staining, hematoxylin-eosin (HE), it is possible to visualize diminished neurons, with hypereosinophilic cytoplasm and with pyknotic nuclei (neuronal necrosis).

References:

BRUM, Juliana S; NOGUEIRA, José; LUCENA, Ricardo B; et al. Salt poisoning in swine: epidemiological, clinical and pathological aspects and brief literature review. v. 33, no. 7, p. 890–900, 2013. Available at: <https://www.scielo.br/j/pvb/a/sQFFWy5CsJDLZ8cQSqdc9Yz/#>. Accessed on: 16 June. 2023.

Silva, Luis; Delazeri, Ribeiro; Resende, Arthur; Assis, Isis; Birth, Eric. Clinical aspects of salt poisoning in pigs. Available at: <file:///C:/Users/Usu%C3%A1rio/Downloads/INTOXICA%C3%87%C3%83O+POR+SAL+EM+SU%C3%8DNOS.pdf>. Accessed on: 16 June. 2023

LOSS, Daiene Elisa et al. Salt poisoning in pigs. Scientific Initiation Salon (17.: 2005: Porto Alegre). Abstract book. Porto Alegre: UFRGS, 2005., 2005. Accessed on: 17 jun. 2023.

DELAZERI, Luis Felipe Silva Ribeiro et al. Clinical Aspects of Salt Intoxication in Pigs. Annals of the University Week and Scientific Initiation Meeting (ISSN: 2316-8226), v. 1, no. 1, 2022. Accessed on: 17 Jun. 2023.