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Resumo: Roteiro de biometria para necropsias em primatas não humanos no controle da Febre Amarela

12/12/2020 13:03

Nesta sexta-feira, 11/12, o tema do GEHisPa foi Roteiro de biometria para necropsias em primatas não-humanos no controle da Febre Amarela apresentados pela acadêmica Acauane Sehnem Lima e pelo professor e doutor Adriano Tony Ramos. Segue abaixo um resumo do tema abordado.

A febre amarela (FA) é uma doença infecciosa febril aguda, não contagiosa, causada por um arbovírus do gênero Flavivirus, família Flaviviridae, envelopado, RNA fita simples. A doença mantém-se endêmica e enzoótica em diversas regiões tropicais das Américas e da África e, de modo esporádico, são registrados surtos e epidemias de magnitude variável (Brasil, 2009)
As proteínas estruturais codificam a formação da estrutura básica da partícula viral; a proteína prM codifica o precursor da proteína da membrana (M), já a proteína E dá origem ao envelope, enquanto a proteína C codifica a formação do capsídeo viral. São a essas proteínas que o organismo humano responde durante uma infecção com a produção dos anticorpos inibidores da hemaglutinação (IH) contra as glicoproteínas do envelope e neutralizantes (N) contra a proteína C do capsídeo. Por outro lado, as proteínas não estruturais são responsáveis pelas atividades reguladoras e de expressão do vírus incluindo replicação, virulência e patogenicidade

Atualmente, nas Américas, são conhecidos dois ciclos de transmissão do vírus da FA: um urbano, do tipo homem-mosquito-homem, no qual o Aedes aegypti é o principal vetor; e outro silvestre, complexo, no qual diferentes espécies de mosquitos (e.g., Haemagogus spp. e Sabethes spp.) atuam como vetores e primatas não humanos (PNH) participam como hospedeiros, amplificando o vírus durante a fase virêmica.

Os animais afetados apresentam como sinais clínicos febre, apatia, icterícia, êmese, desidratação, hemorragia bucal e intestinal e insuficiência hepática e renal

A biometria faz parte da Ficha de Identificação de Primatas. Ela consiste na retirada de medidas específicas de cada animal em diferentes regiões. Para isso, será necessária uma fita métrica

DICA: Caso o cadáver já esteja em rigor mortis ou você não tenha em mão uma fita métrica, a dica é usar um barbante para definir uma medida e depois medir o barbante sobre a régua.

Resumo: Neoplasias Testiculares de Cães

07/12/2020 23:25

Na sexta-feira, dia 4 de dezembro, a acadêmica Tainá Rodrigues fez uma apresentação ao GeHisPa sobre ‘’Neoplasias testiculares de cães’’. Segue abaixo um resumo sobre o tema abordado.

As neoplasias testiculares são o segundo tipo de neoplasias mais comuns em cães machos, logo após os tumores de pele, sendo que ocorrem principalmente em animais idosos, com cerca de 9 a 11 anos de idade. Cães criptorquidas são ainda mais suscetíveis, com as chances de desenvolvimento da neoplasia testicular aumentando de 10 a 26 vezes, a qual nestes casos geralmente é maligna. Nos casos em que o tumor se desenvolve em testículos na bolsa escrotal há maior chance dos tumores serem benignos.
As neoplasias primárias são classificadas de acordo com as células afetadas, sendo o seminoma o tumor das células germinativas, sertolioma das células de sertoli e leydigocitoma das células de Leydig. Na microscopia, os seminomas podem apresentar forma intralobular e/ou difusa. A forma intralobular se caracteriza por preenchimento dos túbulos seminíferos atróficos por células neoplásicas arredondadas, sendo focal ou multifocal. A forma difusa é caracterizada por difusão das células neoplásicas dentro dos túbulos em direção ao interstício, apresentando forma de ‘’folhas largas’’ e aspecto de ‘’céu estrelado’’ dentro da neoplasia. O sertolioma também pode apresentar tanto a forma difusa quanto a intralobular, com a forma difusa apresentando mais características malignas, como figuras anormais de mitose e agregados focais ou perivasculares de linfócitos maduros. O tumor das células de Leydig por sua vez pode apresentar 3 padrões, sendo estes o cístico-vascular, o pseudoadenomatoso e o padrão sólido-difuso. O cístico-vascular apresenta espaços vasculares de grandes dimensões, delimitados por células endoteliais igualmente presentes neste padrão. O pseudoadenomatoso é caracterizado por células neoplásicas dispostas em lóbulos de diversas células pouco organizadas que circundam espaços repletos por fluido. Já o padrão sólido-difuso é composto por grupos ou cordões septados por tecido conjuntivo delicado que se organizam de forma radial a vasos sanguíneos. Os núcleos se encontram na periferia, formando estruturas em roseta.
Nos casos em que não é possível obter o diagnóstico com a histopatologia e citologia, pode ser realizada a imunohistoquímica, na qual são utilizados marcadores tumorais, sendo que muitos destes marcadores podem indicar também o prognóstico da doença.

Resumo: Histologia do sistema digestório de aves

02/12/2020 01:17

Na sexta-feira, dia 27 de novembro, as graduandas Ana Karolina Panneitz e Paola Sônego fizeram uma apresentação ao GEHisPa sobre o tema ‘’Histologia do sistema digestório de aves’’. Segue um resumo do tema abordado. 

Atualmente o Brasil é o 3º maior produtor mundial de frangos e essa produção animal está intimamente ligada a parte nutricional desses animais, como estes vão converter o que comem em produtos de interesse econômico. Devido a isso, é importante entender a anatomia e histologia do trato digestório das aves, assim como as patologias que o acometem. 

No que se refere às diferenças em trato digestório entre as diversas espécies de aves, algumas delas podem ser observadas no divertículo esofágico. Algumas espécies com hábitos alimentares carnívoros, como as corujas e outros rapinantes, não possuem o divertículo ou possuem pouco desenvolvido. Os pombos por sua vez produzem no divertículo esofágico o leite de papo para os filhotes, sendo que para isso possuem um epitélio que sofre hipertrofia, fica mais vascularizado e com presença de células especializadas nessa produção. Com relação ao ventrículo, falconiformes, strigiformes e gaivotas possuem uma camada muscular menor comparada com as aves domésticas. E referente a vesícula biliar, pombos, papagaios, periquitos australianos e struthioniformes (emas e avestruzes) não a possuem.  

Para melhor visualização optamos por deixar apenas as fotos de microscopia nas artes e as legendas seguem abaixo:

 

Figura 1: Secção sagital da cabeça onde pode-se observar a histologia do bico, com epitélio estratificado escamoso com camada cornificada. Além disso pode-se observar a derme com presença de órgãos sensoriais (corpúsculos de Herbst). 

Figura 2: Língua, 5. Ductos das glândulas salivares; 7. Cartilagem hialina; 10. Glândulas salivares; 11. Epitélio estratificado pavimentoso. Na figura 3, papilas gustativas destacadas no quadrado. 

Figura 4: Esôfago, 1. Lúmen; 2. Epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado; 3. Lâmina própria; 4. Muscular da mucosa; 5. Submucosa; 6. Túnica muscular; 7. Túnica adventícia; 8. Glândulas do esôfago; 9. Tecido linfoide associado a mucosa. Na figura 5, maior aumento, sendo possível observar estratificação da camada epitelial (asterisco), presença de tecido linfoide (seta branca) e glândula (seta vermelha). 

Figura 6: Divertículo esofágico, com a mesma composição do esôfago e presença de muitas glândulas. Na figura 7,  observa-se, hiperplasia difusa do epitélio em ave produzindo leite de papo. E na figura 8, maior aumento mostrando, 1. Epitélio estratificado escamoso cornificado. Células secretoras de leite de papo apresentando tonalidade mais clara devido ao depósito de gordura; 2. Tecido conjuntivo; 3.Capilar; 4.Lâmina própria. 

Figura 9: Pró-ventrículo em menor aumento; 1.Lúmen; 2.Mucosa; 3.Lâmina própria; 4 e 5.Glândulas formadas por células oxintopépticas que produzem o HCL e pepsinogênio; 6.Camada muscular; 7.Plexo mioentérico; 8.Serosa. Na figura 10, maior aumento, 1.Glândulas; 2.Vaso sanguíneo; 3.Muscular da mucosa; 4.Submucosa; 5 e 6.Muscular com camadas longitudinal e transversal; 7.Tecido nervoso; 8.Serosa. Por fim, imagem da mucosa, mostrando, glândulas multilobulares formadas pelas células oxintopépticas (produtoras de HCL e pepsinogênio). 

Figura 12: Ventrículo, menor aumento. 1.Coelina; 2.Mucosa; 3.Submucosa; 4.Muscular. Na figura 13, em maior aumento. 1.Epitélio cúbico; 2.Secreção apical; 3.Células principais; 4.Células basais; 5.Camada de coelina. 

Figura 14: Intestino delgado. 1, vilosidade; 2, criptas de Lieberkuhn; 3, submucosa; 4, muscular; 5, serosa. Aves não possuem glândulas duodenais responsáveis pela neutralização do pH do conteúdo advindo do estômago. Na figura 15, em maior aumento. 1, vilosidade; 2. Criptas de Lieberkuhn; 3.Submucosa; 4 e 5.Camadas  transversal e longitudinal da muscular. No círculo está plexo de Meissner e na seta o plexo mioentérico.

Figura 16: Cloaca. 5.Corpúsculo de Herbst;  9.Epitélio colunar simples; 12.Epitélio escamoso estratificado.

Figura 17: Fígado. 1.Cápsula de Glisson; 2.Septo interlobular; 4.Veia central; 5.Cordões de hepatócitos e capilares sinusóides.  Na figura 18, maior aumento 1.Ramo da veia porta. 2.Ramo da artéria hepática; 3.Ducto biliar.

Figura 19: Vesícula biliar. 1.Adventícia; 3.Epitélio simples colunar; 4.Lúmen; 9.Mucosa; 11.Muscular.

Figura 20: Pâncreas. 1 e 2, ilhotas de Langerhans; 3.Ducto intralobular; 4.Glândulas túbulo-acinares (pâncreas exócrino). Na figura 21, maio aumento de 1.Ilhota beta; 2.Pâncreas exócrino. Pâncreas endócrino possui dois tipos de ilhotas, as alfas que produzem glucagon (células mais acidófilas e mais colunares) e betas que produzem insulina (células mais basófilas e formato mais poligonal)

Referências

ANTÃO, Vitoria de Santo. Análise histológica da porção superior do trato digestório do Gavião-Carij (Rupornis magnirostris GMELIN, 1788). Licenciatura em Ciências Biológicas, UFPe, 2016.

AZIZ-ABDUL Tahseen. Avian Histopathology. 4 ed. Copyright: Madison, 2016. 650p.

Bacha Jr W.J. & Bacha L.M. (2006). Color Atlas of Veterinary Histology, 2nd ed., Blackwell Publishing.

DYCE, Keith M.. Tratado de anatomia veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 834 p.

Histology of birds. 2012. Ghent University. Disponível em: http://www.histology-of-birds.com/home.php. Acesso em: 26 nov. 2020