Epidermite Exsudativa

15/01/2019 19:11

A epidermite exsudativa é uma doença também conhecida como eczema úmido, afeta principalmente leitões lactantes ou recém-desmamados, acomete a pele. Nos últimos anos, a enfermidade tem apresentado aumento gradativo e significante em algumas regiões do país, esse fato pode ser associado à produção elevada da suinocultura devido à altas demandas, utilizando assim sistemas mais intensivos.

O agente etiológico responsável por essa enfermidade é o Staphylococcus hyicus subespécie hyicus, trata-se de uma bactéria gram-positiva, podem ser consideradas virulentas, secretoras de toxinas esfoliativas que desempenham papel importante na patogenia da doença. Essa bactéria faz parte da microbiota natural dos suínos, contudo, desenvolve-se somente na presença de fatores predisponentes, considerando que a microbiota da pele contribui para a resistência à multiplicação de cepas potencialmente patogênicas.  Qualquer porta de entrada é um agente potencial associado à infecção ambiental.

As bactérias penetram multiplicam-se na epiderme, desenvolvendo micro colônias produtoras de toxinas esfoliativas ou dermonecróticas capazes de lesionar a pele. Estas lesões estão associadas à clivagem da desmogleína, molécula desmossomal de adesão entre as células. Em casos mais severos, onde há infecção cutânea generalizada, podem ser induzidas respostas sistêmicas inflamatórias.

Os sinais clínicos surgem entre duas a cinco semanas de idade, podendo ser de forma generalizada ou localizada. Sendo a primeira a mais comum, a qual se manifesta por apatia, diarreia e modificação na coloração da pele nas fases inciais do seu desenvolvimento. Os leitões tendem a ficar aglomerados, e apresentam inicialmente vesículas ao redor dos olhos e face externa da orelha, alastrando-se a seguir para o restante da face, áreas laterais do tronco, abdome e face interna das pernas. Essas dão origem a vesículas secundárias, as quais se rompem e resultam na exsudação e hiperemia e tendem a ficar com coloração enegrecida devido ao contato com sujidades. O aumento da secreção cutânea tende a favorecer o crescimento bacteriano e, consequentemente, a produção de necrose e odor rançoso. Em casos mais avançados, forma-se uma camada espessa, gordurosa, fétida e amarronzada (Figura 1).

Figura 1: Suíno, macho, 14 dias, pele amarronzada, espessa, gordurosa e fétida com odor rançoso associado à presença de exsudação e hiperemia com crescimento bacteriano e necrose.

Microscopicamente, pele, epiderme com pequenos pontos basofílicos aglomerados semelhante a colônia bacteriana  associado a regiões com perda de epitélio (erosão), (Figura 2) e presença de células vacuolizadas (degeneração balonosa) (Figura 3).

Figura 2: Suíno, pele, epiderme, pequenos pontos basofílicos aglomerados sugestivos a colônia bacteriana, associado à regiões com perda de epitélio (erosão) HE, Objetiva, 10x.

Figura 3: Suíno, pele, presença de células vacuolizadas (degeneração balonosa) HE, Objetiva 40x.

No sistema nervoso central, devido à septicemia, há infiltrado predominante de linfócitos e macrófagos com raros plasmócitos, afetando meninges (Figura 4) e o entorno dos vasos (manguito perivascular) (Figura 5).

Figura 4: Suíno, cerebelo, meningite linfohistiocítica, HE, Objetiva 4x.

Figura 5: Suíno, encéfalo, infiltrado linfoplasmohistiocítico ao redor dos vasos sanguíneos (manguito perivascular) HE, Objetiva 40x.

Tratamento com o uso de produtos antimicrobianos pode ser realizado de forma eficaz, principalmente se realizado no inicio da doença. Indica-se o uso de sulfadiazina-trimetroprim, ceftiofur e enrofloxacina.