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Classificação Histológica dos Mastocitomas

23/01/2019 12:55

O mastocitoma é uma neoplasia maligna originária da proliferação dos mastócitos que pode afetar qualquer órgão, mas atinge principalmente a pele. É a neoplasia cutânea mais comum nos cães. Pode se desenvolver em qualquer idade sendo a mais comum entre 8 e 9 anos. Não tem predisposição por sexo. Já quanto as raças, sabe-se que todas podem ser afetadas, no entanto as com predisposição são Boxer, Boston e Bull Terrier, Beagle, Labrador e Golden Retriever. Macroscopicamente  caracterizam-se por múltiplas formas de apresentação, desde pequenas pápulas bem delimitadas até neoformações infiltrativas e ulceradas de grandes dimensões passando por nódulos e placas de diferente tamanho e cor, mas principalmente brancos ou vermelhos.

A classificação histológica é fundamental para determinar o prognóstico e o tratamento. Atualmente as características histológicas avaliadas pela classificação de Patinaik et al (1984) tem se tornada cada vez mais questionáveis visto o tamanho grau de subjetividade. Tendo isso em mente outra classificação, de Kiupel et al (2011), está sendo trabalha e amplamente aplicada para melhorar a classificação de mastocitoma  Esse post tem como objetivo elucidar um pouco sobre cada uma delas.

Para Patnaik et al (1984) os critérios avaliados são invasão, celularidade, morfologia da célula, índice mitótico separando os tumores em graus I (bem diferenciado), II (moderadamente diferenciado) e III (pouco diferenciado).  Os tumores de grau I são normalmente menos agressivos e podem ser tratados apenas com cirurgia. Os tumores de grau II possuem uma malignidade moderada e são tratados com cirurgia, com amplas margens de recessão, pois possuem maior probabilidade de metastisar. Os tumores de grau III são os mais agressivos e metastisam frequentemente.

Já para Kiupel et al (2011) os mastocitomas podem ser divididos em alto e baixo grau de malignidade sendo que o diagnóstico  de alto grau baseia-se na presença de qualquer um dos seguintes critérios: pelo menos 7 valores mitóticos em 10 campos de alta potência (hpf); pelo menos 3 células multinucleadas (3 ou mais núcleos) em 10 hpf; pelo menos 3 núcleos bizarros em 10 hpf; cariomegalia (isto é, diâmetros nucleares de pelo menos 10% das células neoplásicas variam pelo menos duas vezes).

 

Pele, região sacral, mastocitoma de grau II ou de baixo grau, canino, fêmea, SRD, HE, 4X, massa neoplásica pouco delimitada intimamente associada à epiderme caracterizada por proliferação de células redondas individualizadas por vezes revelando arranjo cordonal.

Pele, região sacral, mastocitoma de grau II ou de baixo grau, canino, fêmea, SRD, HE, 10X, massa neoplásica pouco delimitada intimamente associada à epiderme caracterizada por proliferação de células redondas individualizadas por vezes revelando arranjo cordonal que infiltra o tecido conjuntivo.

Pele, região sacral, mastocitoma  de grau II ou de baixo grau, canino, fêmea, SRD,HE, 40X, as células apresentam citoplasma amplo que por vezes contém grânulos anfofílicos em seu interior em meio as células são encontrados alguns eosinófilos. Anisocariose e anisocitose acentuadas. Em média menos de uma mitose por campo de 400x.

 

Mama abdominal caudal, mastocitoma grau III ou de alto grau, canino, fêmea, Golden Retriever, HE, 4X, proliferação neoplásica de células formando ninhos ou cordões que se estende da derme superficial a profunda, sustentada por estroma fibrovascular.

Mama abdominal caudal, mastocitoma grau III ou de alto grau, canino, fêmea, Golden Retriever, HE, 10X.

 

Mama abdominal caudal, mastocitoma grau III ou de alto grau, canino, fêmea, Golden Retriever, HE, 40X, as células são redondas a ovais, citoplasma levemente basofílico, núcleo central e arredondado com cromatina frouxa e nucléolo inconspícuo. Há acentuada anisocitose e anisocariose.

Epidermite Exsudativa

15/01/2019 19:11

A epidermite exsudativa é uma doença também conhecida como eczema úmido, afeta principalmente leitões lactantes ou recém-desmamados, acomete a pele. Nos últimos anos, a enfermidade tem apresentado aumento gradativo e significante em algumas regiões do país, esse fato pode ser associado à produção elevada da suinocultura devido à altas demandas, utilizando assim sistemas mais intensivos.

O agente etiológico responsável por essa enfermidade é o Staphylococcus hyicus subespécie hyicus, trata-se de uma bactéria gram-positiva, podem ser consideradas virulentas, secretoras de toxinas esfoliativas que desempenham papel importante na patogenia da doença. Essa bactéria faz parte da microbiota natural dos suínos, contudo, desenvolve-se somente na presença de fatores predisponentes, considerando que a microbiota da pele contribui para a resistência à multiplicação de cepas potencialmente patogênicas.  Qualquer porta de entrada é um agente potencial associado à infecção ambiental.

As bactérias penetram multiplicam-se na epiderme, desenvolvendo micro colônias produtoras de toxinas esfoliativas ou dermonecróticas capazes de lesionar a pele. Estas lesões estão associadas à clivagem da desmogleína, molécula desmossomal de adesão entre as células. Em casos mais severos, onde há infecção cutânea generalizada, podem ser induzidas respostas sistêmicas inflamatórias.

Os sinais clínicos surgem entre duas a cinco semanas de idade, podendo ser de forma generalizada ou localizada. Sendo a primeira a mais comum, a qual se manifesta por apatia, diarreia e modificação na coloração da pele nas fases inciais do seu desenvolvimento. Os leitões tendem a ficar aglomerados, e apresentam inicialmente vesículas ao redor dos olhos e face externa da orelha, alastrando-se a seguir para o restante da face, áreas laterais do tronco, abdome e face interna das pernas. Essas dão origem a vesículas secundárias, as quais se rompem e resultam na exsudação e hiperemia e tendem a ficar com coloração enegrecida devido ao contato com sujidades. O aumento da secreção cutânea tende a favorecer o crescimento bacteriano e, consequentemente, a produção de necrose e odor rançoso. Em casos mais avançados, forma-se uma camada espessa, gordurosa, fétida e amarronzada (Figura 1).

Figura 1: Suíno, macho, 14 dias, pele amarronzada, espessa, gordurosa e fétida com odor rançoso associado à presença de exsudação e hiperemia com crescimento bacteriano e necrose.

Microscopicamente, pele, epiderme com pequenos pontos basofílicos aglomerados semelhante a colônia bacteriana  associado a regiões com perda de epitélio (erosão), (Figura 2) e presença de células vacuolizadas (degeneração balonosa) (Figura 3).

Figura 2: Suíno, pele, epiderme, pequenos pontos basofílicos aglomerados sugestivos a colônia bacteriana, associado à regiões com perda de epitélio (erosão) HE, Objetiva, 10x.

Figura 3: Suíno, pele, presença de células vacuolizadas (degeneração balonosa) HE, Objetiva 40x.

No sistema nervoso central, devido à septicemia, há infiltrado predominante de linfócitos e macrófagos com raros plasmócitos, afetando meninges (Figura 4) e o entorno dos vasos (manguito perivascular) (Figura 5).

Figura 4: Suíno, cerebelo, meningite linfohistiocítica, HE, Objetiva 4x.

Figura 5: Suíno, encéfalo, infiltrado linfoplasmohistiocítico ao redor dos vasos sanguíneos (manguito perivascular) HE, Objetiva 40x.

Tratamento com o uso de produtos antimicrobianos pode ser realizado de forma eficaz, principalmente se realizado no inicio da doença. Indica-se o uso de sulfadiazina-trimetroprim, ceftiofur e enrofloxacina.

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